sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

MINUDÊNCIAS, EXCRESCÊNCIAS E AFINS



a frase iniciada sem letra maiúscula

o lucro capital do homem
contado centavo a centavo

ranho

ouvir música ruim por não ser surdo

nada saber da cultura do povo curdo

dívidas amiúdes

o bom dia da vizinha seguido da fofoca desinteressante
da fulana que fez isto ou aquilo que nada importa verdadeiramente
a ninguém senão a própria vizinha fofoqueira e desgraçada

peidos

rancores pífios

o olhar do abutre sobre a carniça abandonada na savana

o sangue coagulado formado ferida

a masturbação oculta

o documento extraviado do processo

a expiração expressando alívio

um CD sobre a mesa

grão de areia

pedras

canetas

pelos de bocetas

insônia

aquela coisinha que você esqueceu
e eu também não consigo me lembrar

teclado, fornalha, boca de lobo

espinha estourando, espirrando
no espelho

aquele momento em que você se esconde
para cutucar o nariz e limpá-lo com o dedo

formigas

uma xícara de chá ou café

um clip no chão do escritório

mictório, relatório

nenúfar

excessos e insucessos num contínuo apagar e acender
de luzes num quarto de hotel
que ora está ocupado, ora está vazio

eu

o poema

a palavra

a letra

a ausência de ponto final




                                           Morpheus

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