terça-feira, 31 de maio de 2016

POEMA MINERAL



Essa certeza pétrea que você carrega consigo eu nunca tive. Essa verdade mineral eu jamais congreguei. Pois mesmo as rochas mais sólidas esfarelam-se com o tempo. E tornam-se pó. Para depois, aglutinadas, voltarem a ser pedra no eterno ir e vir da vida. Férrea é a minha vontade sem verdade. Inexorável é o meu desejo intransigente de alcançar o que eu quero. E então, tão mineral quanto a vossa certeza é a minha vontade. O ferro quando enferruja apodrece e desfaz-se, torna-se pó. Tal qual tu e eu que não somos nada.




                                                                        Morpheus 



                                         

quinta-feira, 19 de maio de 2016

VAMPIRO


No inverno eu me escondo do mundo,
eu respiro a fria madrugada,
movo-me entre as sombras
e durmo durante o dia
Sou um vampiro chupador de boceta
e não dou ouvidos a essa gente careta
que não sabe que a poesia
não precisa do preço mercadológico




                                                           Morpheus

segunda-feira, 9 de maio de 2016

SILENCIOSO


Agora a lentidão aborta seus instantes opacos
e eu posso
na volúpia da branca folha nadar
aos berros me esgueirar
na tolice do inane e silencioso momento
Aborta a solidão os silenciosos raciocínios mudos
nos mesmos segundos sem ruídos
e eu posso
como néscio homem comercial
divagar em meio à perfumes que não conhecia
Eu sei;
passa o momento assim como um voo
repentino na tarde álacre
das crianças no parque das eternas diversões
Avassaladora ás vezes
torrencial após insípidos dias mecânicos
Eu posso;
eu sei que posso atravessar
todo o condicionamento aziago e nebuloso
que vem quieto por trás do crânio
e rouba os ouvidos

                                                     Morpheus