domingo, 20 de outubro de 2013

A PRAÇA


uma puta solerte a míngua
um cão;
um homem feio e desajeitadoo à porta do banheiro público
procurando algo nos bolsos rotos
mendigos
a igreja imponente com seus três séculos
e um pouco mais sob o sol franzino e o vento preguiçoso
da manhã de sábado
transeuntes
a efígie de pedra sempre austera
o tempo
policiais
a banca de jornal
um efebo que pede informações aos desconhecidos;
bancos vazios
a garota que sempre me sorri seu sorriso núbil pós adolescente
as lojas
um guarda-chuvas quebrado esquecido no cesto de lixo
e eu, meu café; a vida por um instante aprisionada
nas letras


                                                               Morpheus

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

DESENCONTRO


Procurei o poema no silêncio que a noite me entregou
e na manhã do dia seguinte...
não o encontrei

Procurei nos lugares onde o esquecimento é incolor
e as lembranças são de barro
mas não o achei

Saí para tomar um café
e procurei nos olhares
e no timbre das vozes
Perscrutei esquinas vulgares
entre diálogos atrozes
mas não encontrei estrofe, verso ou rima
Pensei mesmo
estar vivendo num mouco mundo de pantomima
por que nada encontrei

Então ao descaso me entreguei
por não achar resquício de poema
ou qualquer que fosse o estratagema
que conotasse
ou pudesse ser esboço
que me indicasse
a expressão de um colosso
literário que pudesse vir a ser um poema
Mas acho que me iludi demais...

Exigi demais dessa procura
e extrapolei a redundância que o permeia
Certamente me enganei, era para ser somente
poesia
lançada pela boca ao vento que me rodeia
e morrer nos ouvidos atentos que tristemente
perceberam que minha busca foi em vão,
pois não havia um poema então


                                                                               Morpheus