segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
DICOTOMIA DO SER
Talvez esta seja a contradição;
poder ver além do visível
e sentir além do possível
para encontrar Deus no coração
E talvez seja necessária a incoerência
e os obstáculos todos desta vida
para que, também, em contrapartida
sejam justificados os motivos da ciência
Assim é a dicotomia da existência
neste viver humano e idiossincrático
de fugacidade tão risível
Assim a dúvida é a persistência
num raciocinar científico ou socrático
sem resposta plausível
Morpheus
sábado, 20 de dezembro de 2014
INCOMUM
Eu sei que quase ninguém gosta de poesia
mas eu me atrevo e escrevo mesmo assim
mais do que isso;
eu me atrevo a chamar de poesia o que escrevo
Eu sei que nem todo mundo gosta de rock’ n roll
mas eu...
eu curto mesmo assim
sem me preocupar em ser anacrônico ou saudosista
Sei que todo mundo prefere se entregar a qualquer modismo comercial,
que todo mundo quer e faz o máximo esforço para ser apenas igual
sei que todo mundo quer "fazer parte de..."
sentir-se "parte de..."
e "estar com..."
Eu sei, sei que é mais fácil assim
sei que é muito mais simples importar-se apenas com um bom salário
e ignorar o que realmente se gosta de fazer em prol de uma boa remuneração
Eu sei que todo mundo gosta de pensar que há um natal
e que todo mundo se sente no direito de fingir um natal
eu sei, sei que as pessoas gostam de se iludir com as mesmas coisas
mas talvez eu prefira me iludir diferentemente
Porque esta minha barba hirsuta
não se rende a nenhum filho da puta
Morpheus
domingo, 9 de novembro de 2014
SONETO DE NATÁLIA
Falar da importância desta criança
É conceber o que é inconcebível
Natália é toda a minha esperança
É o amor além do ideário possível
Meu amor por Natália é inefável
Minha caçula é tudo para mim
É o meu amorzinho inexplicável
Num poema que não tem fim
Mas se é preciso mesmo
Definir meu amor pela caçulinha
Explico de uma maneira simplesinha
Antes eu vivia assim, a esmo
Agora eu tenho uma filha que é minha
E o meu amor é muito mais do que eu tinha
Morpheus
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
ERA UMA VEZ NOS ANOS NOVENTA
- Só tem cerveja bonitão – disse o
sujeito com uma entonação melindrosa me olhando com olhos arregalados. Usava um gel nos parcos cabelos todos penteados para trás e exibia um bigode grosso e nojento que destoava de seu gestual
afetado. Era uma bicha que não fazia
questão nenhuma de esconder suas preferências.
Naquele
tempo eu era apenas mais um pós-adolescente que estava parando de se drogar
porque havia percebido que acabaria se fodendo seriamente se não o
fizesse. Eu tinha acabado de sobreviver
a uma infecção pulmonar que me deixara muito deprimido e até um pouco
debilitado mas já estava forte o suficiente para sair por aí e começar a
aprontar novamente das minhas. Eram
ainda os anos 90, aquela década muito doida onde ser revoltado ainda poderia
parecer legal dependendo do ponto de vista.
Eu já tinha desistido de ir a igreja porque não havia ninguém na igreja
que pensava por si próprio e eu não era capaz de suportar por muito tempo
pessoas que são apenas repetidoras de coisas que ouvem e aprendem (como até
hoje não suporto). Já havia abandonado a
escola porque lá também havia muitos repetidores de coisas e pouquíssimos
cérebros pensantes. Eu era muito jovem e
como todos os jovens, tinha ainda os hormônios à flor da pele, sem contar o
fato de que eu era e ainda sou meio tarado.
Mas o que eu queria mesmo era comer uma bela boceta, coisa que até
aquele momento eu só havia feito uma única vez na vida e agora estava doido por
fazer de novo.
Eu tinha feito uns biscates como
servente de pedreiro e tinha um dinheirinho guardado comigo para eventuais
necessidades. Naquela noite eu saí de
casa decidido a comer uma boceta, nem que isso me custasse alguns reais. Não frequentava clubes e nem danceterias
porque não suportava o modo de vida e o estilo das pessoas tão vazias que
costumam estar nesses lugares e nem, tampouco aquela música eletrônica toda que
me dava no saco. Pensei em ir
diretamente a um puteirinho que havia ali no bairro dos Pinheiros e onde eu
havia estado com meus amigos alguns meses antes; só que na ocasião eu estava
totalmente alucinado de tanto cheirar e beber e só fiquei resmungando com uma
tal Yvete que ficava repetindo a todo momento para mim; “quer que eu faça uma
chupeta?” Eu me lembro que queria falar
de Nirvana e Stone Temple Pilots com ela, queria falar de rock’n roll e de filosofia, queria falar
com ela sobre os livros que eu lia, queria falar de poesia e de drogas e de
qualquer coisa que não fosse o óbvio. Até
que ela se deu conta de que estava perdendo o tempo dela comigo e saiu de
perto. Eu fiquei lá um tempo ainda
bebendo cerveja e fumando sozinho como um idiota.
Mas então voltando àquela noite, eu
acabei indo parar num show de stripers ali no antigo cine Don José. Foi um bom show com várias gostosas que até
se aproximavam da gente e deixavam a gente dar umas boas apalpadelas nos
peitos, nas bundas e naquelas bocetas tão trabalhadoras. Sussurravam no ouvido que por uns trezentos
reais até rolava uma metida, mas como eu tinha pouco dinheiro tive mesmo que ir
até o puteirinho barato depois do show para ver se conseguia alguma coisa e me
livrava daquela porra toda. E foi lá que
topei com o veado no balcão me dizendo que não tinha refrigerante (eu estava
tentando evitar o álcool). Então eu
disse-lhe:
- Então me dá uma cerveja mesmo. Quanto é?
- Sete e cinquenta – naquele tempo as
cervejas custavam em média dois e cinquenta nos bares comuns, mas nos puteiros
eles sempre cobram um preço exagerado, faz parte do esquema.
Peguei minha cerveja e fui me sentar
numa mesinha no canto mais obscuro onde uma mulher fumava em silêncio. Era bonita.
Uma sílfide, diria Machado. Eu só
posso dizer que era uma putinha muito bonita e charmosa que até tinha um estilinho
mais para o rock’n roll (ou pelo menos eu enxerguei isto nela). O jeito como ela fumava e empunhava o cigarro
era decididamente envolvente, sedutor, afinal fazia parte do trabalho dela. Era muito branca e magra e sua voz era rouca
e suave, algo que excitava mesmo. Tinha
cabelos lisos, castanhos, um rosto fino, magro, lábios delicados carmesim de
onde as palavras, por mais sujas que fossem tinham ainda alguma docilidade.
- Meu nome é Sônia – disse-me ela
enquanto eu servia-lhe cerveja e sentava-se ao lado – vamo namorá hoje? Eu disse-lhe o meu nome e perguntei quanto é
que custava; ao que ela me respondeu – Cinquenta prá mim e mais trinta do
quarto.
Tive que negociar com ela apesar de eu
não ser muito bom em negócios (na época eu era muito bom em metidas e era isto
o que importava) porque eu tinha pouco dinheiro. Ela era compreensiva e sugeriu que fôssemos
até umas quebradas atrás do puteiro, próximas da linha do trem onde havia um local ermo para
podermos meter a vontade. Desta maneira
eu não pagaria o quarto, já que não tinha dinheiro e ela poderia receber os
cinquenta reais livremente; ela facilitou as coisas para mim. Então nós terminamos a cerveja, eu paguei ao
veado do balcão e saí em direção à linha de trem para encontrar com Sônia que
daria a volta do outro lado para me encontrar lá na quebrada. Saí e logo apertei o passo, dei a volta no
quarteirão tranquilamente para que desse tempo de Sônia chegar ao local
combinado e subi a rua para entrar na linha de trem. Caminhei uns quarenta metros pela linha e
desci o barranco para encontrar com Sônia que já estava lá embaixo me esperando.
Quando me aproximei ela logo exigiu o
pagamento adiantado e foi tirando a roupa para exibir aqueles peitinhos
pequenos deliciosos com aqueles bicos marrons levemente avermelhados que pediam
para serem chupados. Sem perder tempo
ela tirou o vestido (que era um vestido muito louco e colorido com muitas
flores) e já abaixou a calcinha preta transparente para exibir seus pêlos
pubianos castanho escuros perfeitamente depilados no formato de um risquinho
delgado. Abaixou-se, abriu minha
braguilha e alcançou o meu caralho.
Tirou ele para fora e começou a chupar formidavelmente enquanto eu
acariciava aqueles peitinhos pequenos deliciosos. Quando ela me deixou de pau duro, sacou uma
camisinha de sua bolsinha e plastificou meu aríete com uma prática inigualável. Virou-se e ficou de quatro no chão esperando
por mim. Tirei a bermuda e a cueca,
me aproximei e meti com toda a sofreguidão por uns vinte minutos enquanto ela
gemia gostoso para me agradar e pedia para que eu metesse com força! E então finalmente eu gozei com toda a força
e urrei olhando para o céu e apertando os peitinhos de Sônia. Tinha sido uma boa trepada!
Ela me ofereceu um cigarro e apesar de
eu estar quase conseguindo parar de fumar não pude recusar naquele
momento. E enquanto Sônia vestia as roupas
eu acendia o cigarro.
"Não vai guardar esse pinto aí?" ela me disse enquanto pegava minha bermuda e minha cueca do chão para me entregar. Sônia era gentil. Me vesti e devolvi o isqueiro para ela que se despediu e foi saindo para voltar ao
seu local de trabalho.
Subi o barranco e parei ainda um pouco
sobre os trilhos do trem para contemplar com satisfação as águas sujas e poluídas
do rio Sorocaba que corriam lá embaixo ao longe. Por fim, segui meu caminho pelos trilhos de
volta para o bairro onde eu morava. Uns
dois quilômetros à frente topei com uns malucos conhecidos que partilhavam um
baseado civilizadamente. Eu estava
tentando parar de fumar, mas não pude recusar.
Morpheus
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
INVOCAÇÃO DA POESIA
Invoco-te agora poesia
tal qual um mago
faz surgir uma chama
na palma da mão
Invoco-te
Peço-te que venha por cortesia
surja então neste trago,
pois sou o poeta que te ama
e que te exige em vão
Invoco-te
Como ébrio balbuciando algaravia,
esta invocação eu propago,
sou o bardo que te proclama
com toda a louca emoção
Invoco-te
Como um servo que te corrobora
e ao qual jamais se paga
Faça-se novamente a comunhão
sem ídolos e sem cruz
Invoco-te
E peço-te que vá embora
como a chama que se apaga
e torna escuridão
o que antes era luz
Vai então, pois, agora
que já a minha mente embriaga
e pleno deixas meu coração
a cada vez que o seduz
Vai-te poesia
Morpheus
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
SOBRE AMAR OU FODER
Se amava não fodia
se fodia não amava
O que acontecia?
Fedia,
se desajeitava
Rejeitava
Esquecia
Saia
Caminhava
Quando fodia
se entregava
gozava
Mas se amava
contemplava
espairecia
Quando fodia não amava
quando amava não fodia
Morpheus
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
CAMINHOS
O sujeito se aproximou de
repente e me disse:
-
Será que o senhor pode me ajudar?
- Talvez.
- Talvez?
- Sim.
- Como assim?
- Pode ser que eu possa ou pode ser que eu não
possa.
- Gostaria apenas de pedir uma informação.
- Ah, então é bem provável que eu possa
ajuda-lo; que tipo de informação exatamente o senhor necessita?
- Eu... bem, não sei muito bem.
- Não sabe muito bem. (arregalando os olhos)
- É...
- Então não poderei ajuda-lo, desculpe-me.
- Espere talvez você possa. É; talvez você possa me ajudar.
- Então fale.
- Acontece que eu não sou daqui.
- Sei.
- E eu... estou tentando chegar a um lugar.
- Que lugar?
- Este é o problema, sabe.
- Qual é o problema?
- Acontece que eu... eu não sei muito bem para
onde ir.
- Se não sabe para onde quer ir então eu não
posso ajuda-lo.
- Mas você poderia me indicar um caminho.
- Para onde?
- Para qualquer lugar.
- Não posso fazer isso.
- Por quê?
- Porque você é quem tem que decidir para onde
quer ir.
(pequena pausa hesitante)
- Parece que você tem razão mas eu ainda não
consegui me decidir para onde quero ir.
- Então não posso ajuda-lo.
- Eu vou para qualquer lugar, foda-se.
- Ah, há há há há há; agora você me fez
lembrar de Alice.
- Alice?
- Sim.
Aquela do país das maravilhas.
- Nunca ouvi falar.
- Nunca ouviu falar em Alice no País das
Maravilhas?
- Não até este momento.
- Puxa! Você é estranho!
- Eu te disse que eu não era daqui.
- Por que não procura por alguém que possa
realmente ajuda-lo, eu não posso fazê-lo, bem vês.
- Fale-me sobre Alice.
- O que?
- Alice, me fale sobre ela.
- O que você quer saber?
- Você disse que eu estava parecendo Alice no
País das Maravilhas. Por quê?
- Quer mesmo saber?
- É claro, agora sei que você pode me ajudar.
- Pois bem, ouça. Alice estava perdida no país das maravilhas e
encontrou Cheschire de repente no...
- Cheschire?
- Sim, Cheschire. Um gato.
- Esquisito isso.
- Apenas ouça, está bem?
- Vá em frente.
- Então, como eu dizia. Alice estava perdida no país das maravilhas e
encontrou Cheschire no meio da floresta e então perguntou a ele para onde
deveria ir e ele apenas lhe respondeu; bem, isto depende muito do lugar aonde
você quer ir. Ao que Alice replicou;
para mim qualquer lugar serve. E então
Cheschire disse-lhe; ah então não importa o caminho que você irá escolher. Entendeu?
- Sim... faz muito sentido.
- Pois é.
- Isto elucida muito bem a minha situação, mas
não me aponta um caminho.
- Porque o caminho quem tem que escolher é
você.
- De fato, mas isto não é algo muito fácil de
se fazer.
- Às vezes sim, às vezes não. Na maioria das vezes é muito difícil de se
fazer.
- Oh meu Deus!
- Talvez haja algumas possibilidades extremas.
- Quais?
- O fim do mundo e o centro do mundo!
- Isto parece interessante.
- Certamente.
- Pois então eu vou para o centro do
mundo. É longe?
- Pode ser aqui mesmo. Depende muito do ponto de vista.
- Ah, então já estou nele.
- Mas, na verdade, quando me referia ao centro
do mundo falava mais especificamente do centro econômico e político do mundo.
- Ah, então não é aqui!
- Não.
É muito longe daqui.
- E o fim do mundo?
- É um lugar onde só há neve, frio e ventos
terríveis.
- Parece cruel.
- Por isto eu chamo de fim de mundo.
- E como é o centro do mundo?
- É um lugar onde você pode encontrar qualquer
coisa que deseje. Há muitas metrópoles
cosmopolitas, luzes, multidões, edifícios e coisas tantas que eu poderia passar
um dia inteiro falando-lhe sobre isto e ainda assim não seria o suficiente.
- Acho que agora tenho um rumo.
- Vai para o centro do mundo?
- Acho que sim.
Como faço para chegar até lá?
- Isto depende.
- Do que?
- Vai de avião?
- Vou a pé.
- Ah então você vai levar muito tempo até
conseguir chegar àquelas terras.
- Tenho muito tempo. Por onde devo ir?
- Caminhe para o norte por infindáveis
dias. Caminhe sem parar. Caminhe até que o chão onde estiver pisando
tenha se tornado uma terra árida e seca e o sol tenha se tornado tão abrasador
que seja impossível caminhar durante o dia.
Isto levará muito tempo, você terá que ser muito forte. Depois siga para o oeste por infindáveis dias até
certificar-se de que chegou ao planalto e aí continue caminhando sem parar até
alcançar regiões alagadas, quando isto acontecer siga num ângulo de 120 graus
para noroeste e caminhe por uns três dias.
Evite morros e adentre a região de floresta, é por lá que deverá seguir
agora por infindáveis dias. Prepara-te
para atravessar muitos rios e suportar muitas chuvas. Carregue sempre dinheiro consigo, será
preciso. Siga para o norte sem parar
atravessando toda a região das florestas, siga para o norte até encontrar
pessoas que falam espanhol, esta parte será difícil e perigosa, é bom que tenha
uma boa mochila também porque vai precisar levar algumas coisas, mas leve o
mínimo possível para evitar um peso desnecessário. Daí por diante terá que pedir algumas
informações mas, basicamente seguirá sempre para noroeste durante muito, mas
muito tempo. Atravessará alguns países
mas todos razoavelmente parecidos. Não
se canse. Estará no rumo certo sempre
seguindo para noroeste. Mas chegará um
dia, quando descobrir que está num país chamado Panamá, em que terá que seguir
para sudoeste num ângulo de uns...deixe-me pensar... 190 graus talvez e isso
por uns cinco ou seis dias mais ou menos.
Aí depois retome o rumo norte-noroeste.
Atravessará estradas difíceis.
Quando chegar a uma imensa cidade chamada Cidade do México, anime-se,
você estará no rumo certo e este será o momento de apertar o passo em direção
ao norte. Mas não pense que será fácil,
será tudo muito, muito difícil mesmo, difícil e cansativo. Você terá que ser perseverante e estar
preparado para ouvir muita gente aconselhá-lo a desistir. Não dê ouvidos a eles, continue. A parte difícil será atravessar a fronteira,
mas estou certo de que conseguirá. Tenha
muito cuidado quando alguém gritar; LA MIGRA, LA MIGRA! Se ouvir isto corra, fuja, seja rápido, se
preciso for esconda-se. Mas enfim,
depois que passar por tudo isto é provável que ainda tenha que atravessar um
deserto. Neste momento estará caminhando
aonde as pessoas falam inglês e terá que ser muito esperto. Deverá tomar o rumo norte-nordeste sem parar
até alcançar uma cidade chamada Nova York, ou melhor, lá eles dizem New York,
sacou? New York e então, muito
provavelmente neste momento terá alcançado o centro do mundo.
- Parece algo incrível!
- E é.
- E se eu resolver rumar para o fim do mundo?
- Então a direção que deve seguir é sul.
- Sul, sudoeste, às vezes sul, sudeste.
- É mais distante que o centro do mundo?
- É menos distante mas, muito mais difícil de
se chegar.
- Será?
- Com toda certeza.
- Como pode afirmar isso? Já esteve lá?
- Não.
- E no centro do mundo, já esteve?
- Não.
- E como sabe destas coisas?
- Bem, eu sei de algumas coisas.
- Você fica aí parado o dia todo e pensa saber
das coisas.
- Fico parado aqui porque trabalho aqui.
- E seu trabalho é falar com pessoas?
- Sim, exatamente. O senhor é muito perspicaz.
- Obrigado.
- De nada.
- Mas então você fica aí parado e fala com pessoas, é isso?
- Sim, eu fico tentando vender sapatos.
- Parece interessante.
- E é. Mas sabe, há momentos em que isto me chateia mesmo.
- Sério?
- Sim, um dia vou sumir daqui.
- Sempre é preciso de novidade na vida, não é meu amigo?
- Com certeza.
- Você está nessa há muito tempo?
- Já faz alguns anos.
- E quando pretende sumir?
- Não sei, eu fico tentando mas nunca consigo.
- Talvez você tenha se acomodado.
- Ou talvez eu esteja aprisionado...
- É.
- Pois é...
- Há muita coisa por aí, muita vida.
- É, eu sei.
- Você parece ser um bom sujeito.
- Eu tento ser um bom sujeito.
- Basta ser quem você realmente é.
- É... acho que você tem razão.
- Bom, então eu já vou indo.
- Boa viagem amigo.
- Obrigado – e foi saindo.
- Mas, ei; você vai para onde? Vai mesmo para o centro do mundo?
O homem se virou sorrindo.
- E porque é que você quer saber?
- Eu apenas perguntei.
- Os caminhos vão surgindo e eu vou seguindo
por eles. Você já me ajudou bastante,
muito obrigado. Espero que um dia
encontre também o seu caminho e não precise mais ficar aí vendendo seus
sapatos. Até um outro dia.
Morpheus
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sexta-feira, 19 de setembro de 2014
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
ALMA LAVADA NO MEIO DA LAMA
LUTA LASCIVA NO MOTE
MATA MORDE LUTA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
LIVRO LIDO DE DALAI LAMA
LEVE LUA IMPOLUTA
DE LATITUDE TAL
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
LÍNGUA NA LÍNGUA DE UMA
LOUCA PUTA LASCIVA
LÍNGUA NA LÍNGUA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SELADA A CELA E O CILO
CÉU SEM SOL VACILO
CELEUMA SEM LUA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SOLSTÍCIO VISTO DA SELA
FACE SAFADA AO SOL
CÉU SOL LEMA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SÉTIMO SELO DO SUECO
LAÇO CERTO AO SUL
CERTAMENTE
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
UMA LEVE LÍVIDA VIDA
VERDADE VIVA VIVIDA
UM LEMA NA LAMA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
ALMA LAVADA NO MEIO DA LAMA
LUTA LASCIVA NO MOTE
MATA MORDE LUTA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
LIVRO LIDO DE DALAI LAMA
LEVE LUA IMPOLUTA
DE LATITUDE TAL
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
LÍNGUA NA LÍNGUA DE UMA
LOUCA PUTA LASCIVA
LÍNGUA NA LÍNGUA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SELADA A CELA E O CILO
CÉU SEM SOL VACILO
CELEUMA SEM LUA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SOLSTÍCIO VISTO DA SELA
FACE SAFADA AO SOL
CÉU SOL LEMA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
SÉTIMO SELO DO SUECO
LAÇO CERTO AO SUL
CERTAMENTE
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
UMA LEVE LÍVIDA VIDA
VERDADE VIVA VIVIDA
UM LEMA NA LAMA
UM LEMA NO MEIO DA CELEUMA
Morpheus
sábado, 30 de agosto de 2014
O PACTO
A partir de agora srta. Madrugada,
só poderemos nos encontrar aos finais de semana
O que acontece é que eu arranjei um novo emprego
e não terei mais
tanto tempo para você;
você sabe, eu sou apenas um homem
Mas nos veremos às sextas e aos sábados
para nos amarmos...
as pessoas hoje em dia têm muita dificuldade em dizer o que sentem,
sentem-se pejadas em dizer
eu te amo
Mas eu não;
por isso nos veremos no próximo final de semana
enquanto a brisa sopra leve e fria
e todos dormem e babam e fodem em silêncio
Nos encontraremos
para observar as estrelas e divagar
deixando a fumaça do meu charuto se esvair para o céu das almas
enquanto os cachorros latem e conversam
Voltaremos a ouvir aquelas canções antigas
enquanto eu trabalho em meu romance infindável
e as crianças dormem sem medo do amanhã
E então,
antes que o sol venha nos incomodar
eu escaparei de tua inefável eternidade
e deslizarei para debaixo das cobertas onde minha mulher dorme
em silêncio tépido
Morpheus
terça-feira, 19 de agosto de 2014
BALLAD OF THE DRUNKEN MAN
Her silence is almost like a breeze
and as they
were in the winter
all got frozen
That man only look at it feeling lazy
he had traveled many roads
and did not to prove anything for anyone
He just contemplated that issue thinking twice
and he doesn’t care about to crack that whole ice
Glancing towards to the other direction he feels
the wind;
the wind changes
the wind always changes
ever and ever...
Morpheus
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