- Só tem cerveja bonitão – disse o
sujeito com uma entonação melindrosa me olhando com olhos arregalados. Usava um gel nos parcos cabelos todos penteados para trás e exibia um bigode grosso e nojento que destoava de seu gestual
afetado. Era uma bicha que não fazia
questão nenhuma de esconder suas preferências.
Naquele
tempo eu era apenas mais um pós-adolescente que estava parando de se drogar
porque havia percebido que acabaria se fodendo seriamente se não o
fizesse. Eu tinha acabado de sobreviver
a uma infecção pulmonar que me deixara muito deprimido e até um pouco
debilitado mas já estava forte o suficiente para sair por aí e começar a
aprontar novamente das minhas. Eram
ainda os anos 90, aquela década muito doida onde ser revoltado ainda poderia
parecer legal dependendo do ponto de vista.
Eu já tinha desistido de ir a igreja porque não havia ninguém na igreja
que pensava por si próprio e eu não era capaz de suportar por muito tempo
pessoas que são apenas repetidoras de coisas que ouvem e aprendem (como até
hoje não suporto). Já havia abandonado a
escola porque lá também havia muitos repetidores de coisas e pouquíssimos
cérebros pensantes. Eu era muito jovem e
como todos os jovens, tinha ainda os hormônios à flor da pele, sem contar o
fato de que eu era e ainda sou meio tarado.
Mas o que eu queria mesmo era comer uma bela boceta, coisa que até
aquele momento eu só havia feito uma única vez na vida e agora estava doido por
fazer de novo.
Eu tinha feito uns biscates como
servente de pedreiro e tinha um dinheirinho guardado comigo para eventuais
necessidades. Naquela noite eu saí de
casa decidido a comer uma boceta, nem que isso me custasse alguns reais. Não frequentava clubes e nem danceterias
porque não suportava o modo de vida e o estilo das pessoas tão vazias que
costumam estar nesses lugares e nem, tampouco aquela música eletrônica toda que
me dava no saco. Pensei em ir
diretamente a um puteirinho que havia ali no bairro dos Pinheiros e onde eu
havia estado com meus amigos alguns meses antes; só que na ocasião eu estava
totalmente alucinado de tanto cheirar e beber e só fiquei resmungando com uma
tal Yvete que ficava repetindo a todo momento para mim; “quer que eu faça uma
chupeta?” Eu me lembro que queria falar
de Nirvana e Stone Temple Pilots com ela, queria falar de rock’n roll e de filosofia, queria falar
com ela sobre os livros que eu lia, queria falar de poesia e de drogas e de
qualquer coisa que não fosse o óbvio. Até
que ela se deu conta de que estava perdendo o tempo dela comigo e saiu de
perto. Eu fiquei lá um tempo ainda
bebendo cerveja e fumando sozinho como um idiota.
Mas então voltando àquela noite, eu
acabei indo parar num show de stripers ali no antigo cine Don José. Foi um bom show com várias gostosas que até
se aproximavam da gente e deixavam a gente dar umas boas apalpadelas nos
peitos, nas bundas e naquelas bocetas tão trabalhadoras. Sussurravam no ouvido que por uns trezentos
reais até rolava uma metida, mas como eu tinha pouco dinheiro tive mesmo que ir
até o puteirinho barato depois do show para ver se conseguia alguma coisa e me
livrava daquela porra toda. E foi lá que
topei com o veado no balcão me dizendo que não tinha refrigerante (eu estava
tentando evitar o álcool). Então eu
disse-lhe:
- Então me dá uma cerveja mesmo. Quanto é?
- Sete e cinquenta – naquele tempo as
cervejas custavam em média dois e cinquenta nos bares comuns, mas nos puteiros
eles sempre cobram um preço exagerado, faz parte do esquema.
Peguei minha cerveja e fui me sentar
numa mesinha no canto mais obscuro onde uma mulher fumava em silêncio. Era bonita.
Uma sílfide, diria Machado. Eu só
posso dizer que era uma putinha muito bonita e charmosa que até tinha um estilinho
mais para o rock’n roll (ou pelo menos eu enxerguei isto nela). O jeito como ela fumava e empunhava o cigarro
era decididamente envolvente, sedutor, afinal fazia parte do trabalho dela. Era muito branca e magra e sua voz era rouca
e suave, algo que excitava mesmo. Tinha
cabelos lisos, castanhos, um rosto fino, magro, lábios delicados carmesim de
onde as palavras, por mais sujas que fossem tinham ainda alguma docilidade.
- Meu nome é Sônia – disse-me ela
enquanto eu servia-lhe cerveja e sentava-se ao lado – vamo namorá hoje? Eu disse-lhe o meu nome e perguntei quanto é
que custava; ao que ela me respondeu – Cinquenta prá mim e mais trinta do
quarto.
Tive que negociar com ela apesar de eu
não ser muito bom em negócios (na época eu era muito bom em metidas e era isto
o que importava) porque eu tinha pouco dinheiro. Ela era compreensiva e sugeriu que fôssemos
até umas quebradas atrás do puteiro, próximas da linha do trem onde havia um local ermo para
podermos meter a vontade. Desta maneira
eu não pagaria o quarto, já que não tinha dinheiro e ela poderia receber os
cinquenta reais livremente; ela facilitou as coisas para mim. Então nós terminamos a cerveja, eu paguei ao
veado do balcão e saí em direção à linha de trem para encontrar com Sônia que
daria a volta do outro lado para me encontrar lá na quebrada. Saí e logo apertei o passo, dei a volta no
quarteirão tranquilamente para que desse tempo de Sônia chegar ao local
combinado e subi a rua para entrar na linha de trem. Caminhei uns quarenta metros pela linha e
desci o barranco para encontrar com Sônia que já estava lá embaixo me esperando.
Quando me aproximei ela logo exigiu o
pagamento adiantado e foi tirando a roupa para exibir aqueles peitinhos
pequenos deliciosos com aqueles bicos marrons levemente avermelhados que pediam
para serem chupados. Sem perder tempo
ela tirou o vestido (que era um vestido muito louco e colorido com muitas
flores) e já abaixou a calcinha preta transparente para exibir seus pêlos
pubianos castanho escuros perfeitamente depilados no formato de um risquinho
delgado. Abaixou-se, abriu minha
braguilha e alcançou o meu caralho.
Tirou ele para fora e começou a chupar formidavelmente enquanto eu
acariciava aqueles peitinhos pequenos deliciosos. Quando ela me deixou de pau duro, sacou uma
camisinha de sua bolsinha e plastificou meu aríete com uma prática inigualável. Virou-se e ficou de quatro no chão esperando
por mim. Tirei a bermuda e a cueca,
me aproximei e meti com toda a sofreguidão por uns vinte minutos enquanto ela
gemia gostoso para me agradar e pedia para que eu metesse com força! E então finalmente eu gozei com toda a força
e urrei olhando para o céu e apertando os peitinhos de Sônia. Tinha sido uma boa trepada!
Ela me ofereceu um cigarro e apesar de
eu estar quase conseguindo parar de fumar não pude recusar naquele
momento. E enquanto Sônia vestia as roupas
eu acendia o cigarro.
"Não vai guardar esse pinto aí?" ela me disse enquanto pegava minha bermuda e minha cueca do chão para me entregar. Sônia era gentil. Me vesti e devolvi o isqueiro para ela que se despediu e foi saindo para voltar ao
seu local de trabalho.
Subi o barranco e parei ainda um pouco
sobre os trilhos do trem para contemplar com satisfação as águas sujas e poluídas
do rio Sorocaba que corriam lá embaixo ao longe. Por fim, segui meu caminho pelos trilhos de
volta para o bairro onde eu morava. Uns
dois quilômetros à frente topei com uns malucos conhecidos que partilhavam um
baseado civilizadamente. Eu estava
tentando parar de fumar, mas não pude recusar.
Morpheus