Tal qual um paria do ocidente
entre os mendigos e os bêbados e os mais miseráveis
a contemplar a praça
e sua eternidade fugaz
Tal qual um paria do ocidente
observando as meretrizes e os aposentados e as insaciáveis
pombas em sua caça
incessante e mordaz
Tal qual um paria do ocidente
por uma hora apenas retendo as convicções inabaláveis
de que se é um poeta sem cachaça
na tarde quente de uma cidade audaz
eu
estou cansado de rimas, estou cansado de trabalhar,
estou cansado de olhar minha cara no espelho todos os dias,
estou cansado de saber o preço, de fazer as contas e dizer o quanto,
estou cansado dos sorrisinhos forçados e de peidar e sair disfarçando para qualquer lado,
estou muito, muito cansado dos aranzéis todos e de qualquer movimento amiúde,
estou cansado de tantos espaços vazios nas suas conversas supérfluas,
estou muito cansado mas não me irrito, não me concentro, não quero saber do que irás
me dizer, não quero, não quero mesmo, estou cansado, estou cansado dos rostos com
formatos ovais e estou cansado de esperar por minhas férias, estou cansado mesmo de
estar cansado e também já estou cansado de escrever esta porcaria
mas jamais estarei cansado de esperar por você
Natália
Morpheus
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
sábado, 1 de outubro de 2011
PARA ROSELY
Sob a tutela do acaso
me olho no espelho
Reconheço indeléveis
rastros seus em mim
Te abraço
espraiando o acalento do calor
que vem assim
gratuito no orgasmo de nosso encontro
Te toco
na infinitude de um segundo apenas nosso
Singro em silêncio suas águas voluptuosas
sem encontrar uma rima
para os teus olhos verdes
mas encontro o amor
de mulher nordestina
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